terça-feira, 10 de junho de 2014

Avaliando o imensurável: a Literatura dentro das escolas



Visando trazer um caráter igualitário perante a sociedade, a escola    moderna apresenta, atualmente, questões importantes de serem repensadas e, porque não, modificadas. Ao passo que percebemos e sentimos os movimentos e demandas da civilização pós-moderna, as instituições de ensino parecem ter estagnado no tempo, sem sofrer as alterações presentes além de seus muros.

Relativizando tal questão para a realidade dos professores de Literatura do ensino médio   , aponto dois importantes aspectos a serem questionados: como instigar o hábito da leitura nos jovens? De que maneira avaliar dado conhecimento com caráter tão subjetivo?

Pensar a Literatura como um conteúdo que visa, unicamente, a sua periodização, minimiza todo o caráter transformador    que o objeto texto pode apresentar e sugerir aos leitores. Caracterizar o ensino literário de forma prática e objetiva é um dos motivos que leva os jovens a perceberem tal conhecimento como um plano inatingível, uma vez que o conteúdo passa a não inferir novos saberes e novas criatividades. Partindo do entendimento de que as leituras são    fontes de (re)significação e experimentação da própria vida, o ensino de Literatura deveria promover ao estudante a reflexão    de fatores subjetivos e inerentes à humanidade, tais como: nossas emoções, o autoconhecimento, a mortalidade, a sexualidade, a nossa existência, as nossas utopias, a nossa história, etc.

O escritor e pesquisador da área, Ricardo Azevedo, levanta tais questões previamente apresentadas enfatizando, ainda, que o caráter plurissignificativo presente na Literatura é que a torna um campo passível de diferentes interpretações e, consequentemente, presenteia-nos com o imaginário e a fantasia.

Levando em consideração o traço    subjetivo e plural do discurso poético e da ficção, problematizar o espaço avaliativo que tomamos postura é um fator essencial para que não ajamos de forma incoerente. Enquanto uma disciplina que se relaciona de diferentes formas com a heterogeneidade de sujeitos no mundo, a avaliação do conhecimento se torna desarmônica quando medida de forma exata. Em outras palavras, a construção    do saber literário e o desenvolvimento discente com relação à leitura é algo progressivo e prolongado, uma vez que os dizeres e significações evocadas em um texto dependem não só do domínio da leitura, mas também, da percepção que os jovens têm do mundo extraliterário. Além disso, por tratarmos de um saber imensurável e, muitas vezes, ambíguo, a forma avaliativa deveria ser pensada de maneira harmoniosa com o modo que o docente produz e apresenta o conhecimento aos alunos.

Portanto, pensar a Literatura dentro das escolas está diretamente ligado a ponderar sobre questões que vão além das letras digitalizadas e impressas em um livro. Estamos lidando com transformação    de sujeitos concretos inseridos em um mundo não estático e repleto de simbologias.


Comente este artigo.


Nenhum comentário: