quarta-feira, 23 de abril de 2014

Plano pedagógico, uma necessidade



Como educadora, tenho pautado minhas abordagens relacionadas à educação e de forma mais verticalizada ao ato de ensinar e aprender. O educar é uma ação que compreende infinitas nuances. Todos os aspectos do ato de ensinar e aprender são relevantes no processo, mas, como é do conhecimento geral é necessário um planejamento adequado dos objetivos e metas a serem alcançadas.

Um dos instrumentos essenciais ao bom planejamento é sem dúvida o apoio que o currículo nos dá. Segundo Maria Cristina Davini, “Em termos genéricos, um currículo é um plano pedagógico e institucional para orientar a aprendizagem dos alunos de forma sistemática. Mas, é importante observar que esta definição pode adotar variados matizes  de acordo com as diferentes concepções de aprendizagem que orientam o currículo. Melhor dizendo: segundo o que se entenda por aprender e ensinar, o conceito de currículo varia, como também varia a estrutura sob a qual é organizado.

Existem alguns tipos de organização curricular que são  habitualmente usados nas Unidades Escolares brasileiras dentre os quais podemos citar o Currículo  Formal, Currículo por Assuntos ou Currículo Interdisciplinar e o  Currículo Integrado.

O Currículo Formal tem como característica principal o formalismo e a transmissão de conhecimentos divididos em disciplinas. A aprendizagem acontece normalmente por informações oriundas de livros de forma descontextualizada da realidade. Esta modalidade  de currículo se fundamenta na concepção tradicional  de educação e sua estrutura é portanto teórico-dedutiva.

Diante do panorama de avanços na educação, era de se esperar que as críticas ao Currículo Formal surgissem e, que novas abordagens fossem colocadas em prática. Uma dessas novas abordagens, denominada Currículo por Assuntos ou Currículo Interdisciplinar, apresentou um salto qualitativo na construção do conhecimento, pois, sua construção parte da definição por temas de integrados ao cotidiano da sociedade. A estrutura interna deste currículo é indutivo-teórica e assim sendo, os educandos utilizam-se da investigação para compreensão dos problemas propostos, participando ativamente da construção do conhecimento.

Não quero afirmar que houve “transformações radicais” na educação com esta modalidade curricular, entretanto é indiscutível que nos primeiros momentos ela significou uma ruptura com o tradicionalismo. Não devemos nos esquecer, porém que com o tempo os “temas” estão sendo enquadrados em “grandes áreas de conhecimento” e se tornando “quase”  disciplinas fechadas.

Existe ainda de forma inovadora o Currículo Integrado,  voltado para  a formação profissional que integra trabalho e ensino. Como afirmou Maria Cristina Davini em texto adaptado por José Paranaguá de Santana  “... no âmbito da educação formal,  supõe uma ruptura com as concepções tradicionais do ensino e, fundamentalmente, com as formas escolares academicistas desvinculadas da prática real e cotidiana de uma determinada profissão. Finalmente, numa ruptura com a antiga divisão entre teoria e prática uma vez que ambas encontram-se integradas no exercício profissional concreto.

  Prevalece a concepção de aluno-construtor de seu conhecimento, a partir da reflexão e indagação sobre sua própria prática e em função da mesma.

É preciso avançar mais nos aspectos voltados à construção do saber. Muito temos conquistado ao longo das últimas décadas, mas, temos a certeza plena de que  nossas lutas como educadores é e sempre serão constantes. Não será somente com a evolução curricular que alcançaremos as metas propostas à educação, formal ou não. 

Entretanto temos a convicção de que organizações curriculares voltadas ao reconhecimento de que o ser humano faz parte de uma totalidade e, trás consigo conhecimentos e especificidades do seu meio, já terá sido um bom início no sentido de alcançarmos uma educação que vise de maneira prioritária, a formação integral do ser humano.

Por: Márcia Carvalho, pedagoga, psicopedagoga, mestra em Sociedade, Políticas Públicas e Meio Ambiente.

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