Como educadora,
tenho pautado minhas abordagens relacionadas à educação e de forma mais
verticalizada ao ato de ensinar e aprender. O educar é uma ação que compreende
infinitas nuances. Todos os aspectos do ato de ensinar e aprender são
relevantes no processo, mas, como é do conhecimento geral é necessário um
planejamento adequado dos objetivos e metas a serem alcançadas.
Um dos instrumentos
essenciais ao bom planejamento é sem dúvida o apoio que o currículo nos dá.
Segundo Maria Cristina Davini, “Em termos genéricos, um currículo é um plano
pedagógico e institucional para orientar a aprendizagem dos alunos de forma
sistemática. Mas, é importante observar que esta definição pode adotar variados
matizes de acordo com as diferentes concepções de aprendizagem que
orientam o currículo. Melhor dizendo: segundo o que se entenda por aprender e
ensinar, o conceito de currículo varia, como também varia a estrutura sob a
qual é organizado.
Existem alguns
tipos de organização curricular que são habitualmente usados nas Unidades
Escolares brasileiras dentre os quais podemos citar o Currículo Formal,
Currículo por Assuntos ou Currículo Interdisciplinar e o Currículo
Integrado.
O Currículo Formal
tem como característica principal o formalismo e a transmissão de conhecimentos
divididos em disciplinas. A aprendizagem acontece normalmente por informações
oriundas de livros de forma descontextualizada da realidade. Esta modalidade
de currículo se fundamenta na concepção tradicional de educação e
sua estrutura é portanto teórico-dedutiva.
Diante do panorama
de avanços na educação, era de se esperar que as críticas ao Currículo Formal
surgissem e, que novas abordagens fossem colocadas em prática. Uma dessas novas
abordagens, denominada Currículo por Assuntos ou Currículo Interdisciplinar,
apresentou um salto qualitativo na construção do conhecimento, pois, sua
construção parte da definição por temas de integrados ao cotidiano da
sociedade. A estrutura interna deste currículo é indutivo-teórica e assim
sendo, os educandos utilizam-se da investigação para compreensão dos problemas
propostos, participando ativamente da construção do conhecimento.
Não quero afirmar
que houve “transformações radicais” na educação com esta modalidade curricular,
entretanto é indiscutível que nos primeiros momentos ela significou uma ruptura
com o tradicionalismo. Não devemos nos esquecer, porém que com o tempo os
“temas” estão sendo enquadrados em “grandes áreas de conhecimento” e se
tornando “quase” disciplinas fechadas.
Existe ainda de
forma inovadora o Currículo Integrado, voltado para a formação
profissional que integra trabalho e ensino. Como afirmou Maria Cristina Davini
em texto adaptado por José Paranaguá de Santana “... no âmbito da
educação formal, supõe uma ruptura com as concepções tradicionais do
ensino e, fundamentalmente, com as formas escolares academicistas desvinculadas
da prática real e cotidiana de uma determinada profissão. Finalmente, numa
ruptura com a antiga divisão entre teoria e prática uma vez que ambas
encontram-se integradas no exercício profissional concreto.
Prevalece a
concepção de aluno-construtor de seu conhecimento, a partir da reflexão e
indagação sobre sua própria prática e em função da mesma.
É preciso avançar
mais nos aspectos voltados à construção do saber. Muito temos conquistado ao
longo das últimas décadas, mas, temos a certeza plena de que nossas lutas
como educadores é e sempre serão constantes. Não será somente com a evolução
curricular que alcançaremos as metas propostas à educação, formal ou não.
Entretanto temos a convicção de que organizações curriculares voltadas ao
reconhecimento de que o ser humano faz parte de uma totalidade e, trás consigo
conhecimentos e especificidades do seu meio, já terá sido um bom início no
sentido de alcançarmos uma educação que vise de maneira prioritária, a formação
integral do ser humano.
Por: Márcia
Carvalho, pedagoga, psicopedagoga, mestra em Sociedade, Políticas Públicas e
Meio Ambiente.
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