Discutir na
sociedade atual a questão da inclusão implica reconhecer o que é esse tema,
quais as implicações sobre as posições de pais, educadores, Escola e poder
público sobre ele.
Desde algumas
décadas, a questão da inclusão vem sendo debatida e uma série de leis tem
regrado esse tema, de forma que a sociedade se vê diante de uma questão
premente e as Escolas cada vez mais desafiadas a tratar da inclusão e a
executá-la dentro dos seus espaços.
É reconhecidamente correto afirmar que vivemos
dentro de uma sociedade plural em que as diferenças estão cada vez mais
evidentes, merecendo/necessitando serem reconhecidas e respeitadas.
As mudanças que
percebemos hoje confrontam diretamente com a configuração social de décadas
atrás, que impunham a padronização de pessoas, valores e comportamentos, como se todos
fossem/pudessem ser iguais diante do processo de aprendizagem. Nesse passado
não tão distante, as crianças e jovens com algum tipo de necessidade especial
não eram matriculados nas escolas e muitos eram recolhidos dentro das casas com
a justificativa de que precisavam ser “protegidos”.
Esse cenário
felizmente se modificou, mas ainda há muito por fazer, principalmente no
terreno do preconceito e das atitudes que todos, independentemente de estarmos
diretamente envolvidos com a inclusão, devemos ter.
Sabemos sem dúvida
alguma que o preconceito está ligado em muitos casos ao desconhecimento de como
trabalhar com a inclusão. Os professores se sentem inseguros, a Escola,
despreparada e o poder público, apesar de defender a inclusão nas suas mais
variadas formas, não disponibilizam formação adequada aos educadores,
principalmente os educadores inclusivos.
Vivemos o eterno faz de conta que não
reconhece de fato a diversidade e as formas de atuar com ela.
O tema objeto aqui,
de discussão, necessita sem dúvida alguma de muito conhecimento, além de uma
dose extrema de coragem para tratar a inclusão na Escola de maneira adequada,
identificando esse tema, ainda, como de interesse de todos nós.
Minha experiência
de alguns anos atuando diretamente com a inclusão, recebendo na minha sala de
aula crianças com algumas síndromes, me apresenta algumas inquietações. Se, por
um lado, falo e defendo pontos de vista sobre um assunto que conheço na prática,
como educadora inclusiva, por outro lado, desafios se colocam e um dos exemplos
que trago é o da ação pedagógica dos professores em relação a essas crianças e
jovens.
A verificação dos
seus conhecimentos deve estar pautada por outros critérios que identifiquem as
suas potencialidades sem comparações com outros alunos. Em tempo, é preciso
repisar na ideia de que todos são diferentes e, portanto, devem ser respeitados
nas suas diferenças.
A Escola, dessa
maneira, ainda tem uma longa caminhada a percorrer. E uma educação que sirva
para todos é uma educação que reconhece as diferenças, que trabalha questões
como tolerância e respeito com suas crianças e jovens para que eles aprendam a
olhar o outro e a aceitá-lo.
É preciso ainda, sem dúvida, preparar os
educadores, proporcionando a eles adequado conhecimento sobre o tema e ações
pedagógicas que o acompanhem.
Reconhecemos,
contudo, que para que a inclusão aconteça de fato dentro do espaço escolar, é
preciso que ela seja tratada primeiramente com dignidade e conhecimento de
causa.
Ana Lúciade Azevedo Terra. Professora, pedagoga, especialista em Educação em
Ciências.
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