terça-feira, 10 de setembro de 2013

Inclusão na escola? O que eu tenho a ver com isso?


Discutir na sociedade atual a questão da inclusão implica reconhecer o que é esse tema, quais as implicações sobre as posições de pais, educadores, Escola e poder público sobre ele.

Desde algumas décadas, a questão da inclusão vem sendo debatida e uma série de leis tem regrado esse tema, de forma que a sociedade se vê diante de uma questão premente e as Escolas cada vez mais desafiadas a tratar da inclusão e a executá-la dentro dos seus espaços.

 É reconhecidamente correto afirmar que vivemos dentro de uma sociedade plural em que as diferenças estão cada vez mais evidentes, merecendo/necessitando serem reconhecidas e respeitadas.

As mudanças que percebemos hoje confrontam diretamente com a configuração social de décadas atrás, que impunham a padronização de pessoas, valores e comportamentos, como se todos fossem/pudessem ser iguais diante do processo de aprendizagem. Nesse passado não tão distante, as crianças e jovens com algum tipo de necessidade especial não eram matriculados nas escolas e muitos eram recolhidos dentro das casas com a justificativa de que precisavam ser “protegidos”.

Esse cenário felizmente se modificou, mas ainda há muito por fazer, principalmente no terreno do preconceito e das atitudes que todos, independentemente de estarmos diretamente envolvidos com a inclusão, devemos ter.

Sabemos sem dúvida alguma que o preconceito está ligado em muitos casos ao desconhecimento de como trabalhar com a inclusão. Os professores se sentem inseguros, a Escola, despreparada e o poder público, apesar de defender a inclusão nas suas mais variadas formas, não disponibilizam formação adequada aos educadores, principalmente os educadores inclusivos.

 Vivemos o eterno faz de conta que não reconhece de fato a diversidade e as formas de atuar com ela.

O tema objeto aqui, de discussão, necessita sem dúvida alguma de muito conhecimento, além de uma dose extrema de coragem para tratar a inclusão na Escola de maneira adequada, identificando esse tema, ainda, como de interesse de todos nós.

Minha experiência de alguns anos atuando diretamente com a inclusão, recebendo na minha sala de aula crianças com algumas síndromes, me apresenta algumas inquietações. Se, por um lado, falo e defendo pontos de vista sobre um assunto que conheço na prática, como educadora inclusiva, por outro lado, desafios se colocam e um dos exemplos que trago é o da ação pedagógica dos professores em relação a essas crianças e jovens.

A verificação dos seus conhecimentos deve estar pautada por outros critérios que identifiquem as suas potencialidades sem comparações com outros alunos. Em tempo, é preciso repisar na ideia de que todos são diferentes e, portanto, devem ser respeitados nas suas diferenças.

A Escola, dessa maneira, ainda tem uma longa caminhada a percorrer. E uma educação que sirva para todos é uma educação que reconhece as diferenças, que trabalha questões como tolerância e respeito com suas crianças e jovens para que eles aprendam a olhar o outro e a aceitá-lo.

 É preciso ainda, sem dúvida, preparar os educadores, proporcionando a eles adequado conhecimento sobre o tema e ações pedagógicas que o acompanhem.

Reconhecemos, contudo, que para que a inclusão aconteça de fato dentro do espaço escolar, é preciso que ela seja tratada primeiramente com dignidade e conhecimento de causa.

Ana Lúciade Azevedo Terra.  Professora, pedagoga, especialista em Educação em Ciências.

 

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