quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Interdisciplinaridade


Olhando minhas anotações encontrei a aula de um professor de física sobre o conceito de como preencher os espaços vazios. Colocou na mesa um recipiente com uma boca larga da mesa, uma dúzia de bolas de golfe, um pacote com bolinhas de gude e um saco com areia. Ficamos olhando para ele, esperando que falasse alguma coisa. Ele simplesmente botou as bolas de golfe dentro do vasilhame até a boca. Então perguntou aos alunos se o pote estava cheio. Logicamente que todos dissemos que sim. Ato seguido pegou as bolinhas de gude e as deixou cair dentro do recipiente, elas deslizaram entre os espaços deixados pelas bolas de golfe preenchendo os espaços vazios. Voltou a perguntar se o pote estava cheio, alguns disseram que sim, os restantes ficaram olhando com desconfiança. Ato seguido despejou o saco de areia que imediatamente cobriu os espaços até a boca, inclusive passou uma régua para que víssemos que não tinha sobrado nenhum espaço. Perguntou: Agora está por fim cheia? Todos nós dissemos em coro: Claro, professor, agora está cheia! Para surpresa geral, tomou a jarra com água que sempre estava à disposição dos professores e começou a jogá-la lentamente no pote. A areia ia descendendo à medida que ficava molhada e ainda ficou em cima de tudo uma boa quantidade de água pura.

Pensei como poderia aproveitar essa aula magistral numa das minhas e cheguei a seguinte conclusão: Vou usar o exemplo de um colégio e que poderia aplicar-se a todo o sistema educacional. Consideremos que as bolas de golfe são as coisas importantes da educação: conteúdos a serem ensinados, professores capacitados, alunos interessados e ambos motivados (e outros que vocês possam pensar). As bolas de gude são o pessoal de apoio (coordenadores, pedagogos, inspetores, instalações, etecetera). A areia seria os processos pedagógicos, os administrativos, recursos humanos. A água o marketing que permeia toda a estrutura de qualquer organização na nossa sociedade. A impressão que tenho quando penso assim é que muitos colégios enchem o pote primeiro com água e areia e depois querem colocar as bolas de golfe e as de gude. Dá no que dá. Na estrutura atual do sistema educativo do Brasil, se o dinheiro que se gasta com publicidade para mostrar ao povo quanto os políticos fazem em favor da educação, fosse usado para comprar e usar bolas de golfe e de gude poderia estar muito melhor.

Pensando melhor, poderíamos aplicar esses conceitos em qualquer empresa ou nas nossas vidas. Passamos muito tempo querendo guardar areia e água, em lugar de cuidar e proteger nossas bolas de golfe e bolinhas de gude. A água evapora, a areia é levada pelo vento, mas as coisas que são importantes na vida permanecem. Na vida a família, na educação os professores. Podemos ficar sem casa ou sem prédios, mas não podemos ficar sem pessoas que habitem nossas casas ou que lecionem em nossos colégios. E o mais importante, não colocaria qualquer um na minha casa, nem deixaria que qualquer um ensinasse a meus filhos. Pelos frutos conhecerás a árvore, e pelos professores conhecerás um colégio.

E você, meu amigo leitor, está juntando bolas de golfe ou areia.

Boa reflexão!

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