domingo, 6 de maio de 2012

Nossos professores amedrontados



Como vai a educação brasileira? Não precisamos de especialista para constatar o caos denunciando que o Brasil está com o futuro comprometido a persistir o desastroso quadro atual. Quem duvida que analise o que fizeram Cingapura, Japão, Coréia do Sul e demais países que saíram da pobreza confiando no taco dos professores.

 Aqui entre nós o que fizemos, dentro dessa praga fascista que virou o politicamente correto, foi chamá-los de “trabalhadores em educação”. 

 Tem algo mais esquizofrênico?
 A coisa complicou de vez até para o aluno: oh seu trabalhador em educação, posso ir ao banheiro?
 Quando falamos antigamente era assim, é sinal que envelhecemos?
 E daí? Qual o maleficio de ter saudade mesmo que esta denote certa urgência de futuro? 
A realidade é que num passado não muito distante a escola era envolvida pela mesma aura que encobria os templos religiosos. Sem exagero. Nada mais especial do que uma sala de aula. E a professora estava num pedestal, sempre, ela era a nossa santa. Sem exagero.

 Arrisco a ir mais longe ao afirmar que o louvor, a exaltação, o respeito, o temor reverencial que tínhamos pelos professores eram mais profundamente genuínos do que aqueles que nutríamos pelo padre. Com o professor não havia aquela espécie de segunda intenção que existia relativamente ao sacerdote que, se fosse com a cara da gente, aplainaria o caminho para o paraíso nos livrando do inferno.

 Quando se compara com o esbanjamento de hoje, onde tudo parece descartável, se pode dizer que aquele foi um tempo mais difícil, de escassez de muita coisa, de quase tudo, menos de respeito aos professores. Transplantar comparações de épocas diferentes pode se constituir em bobagem, aquele foi um tempo determinado e ponto; cheio de mazelas e virtudes típicas, além de novas perspectivas (o que não é coisa pouca, pois o que nos mantém em pé é essa possibilidade – real ou fictícia – de o amanhã ser melhor, algo que agora duvido que exista). Os tempos são assim, plenos de coisinhas comezinhas (risos e choros) típicas. Assim, aquela foi ainda uma época com tecnologia típica. No meu caso, por exemplo, a lousa (ou seja, a ardósia enquadrada na madeira que carregava na sacola de saco de farinha) se constituiu no meu tablet – agora até digo isso com certo orgulho boçal.

 Mas, repito com todas as letras, tempo com total respeito aos professores. E eles, bem ou mal, pegaram o que outros consideravam o lixo do mundo (imigrantes alemães, italianos, africanos e outros) e conformaram uma nação. E vínhamos bem até que, em algum momento, esse processo esboroou sem que alguém notasse. Por isso devemos perguntar rapidinho: onde erramos?
 Como chegamos ao atual patamar de horrores?

 Como justificar professores amedrontados por alunos em sala de aula, sentindo-se encurralados por pais irresponsáveis e/ou imaturos que exigem da escola o que não transmitiram aos filhos?

 Anotem: em todo acontecimento envolvendo alunos mal comportados, guris e gurias mal criados, pirralhos descompensados, filhotes mal educados, adolescentes problemáticos, o culpado é o professor! PODE? 

 A esse caos vigente que perturbou dramaticamente a relação professor/aluno se soma, também uma lista de mazelas como prédios precários, falta de material, falta de funcionários, baixos salários, falta de segurança dentro e no entorno das escolas. 

Estamos diante de algo que não diz respeito apenas aos governantes (a grande maioria despreparada para enfrentar a questão e mesmo assim não delega para quem sabe) é algo que deveria angustiar toda a sociedade, pois a persistir esse quadro, estamos condenando a maioria dos nossos netos ao terceiro mundismo...

 por: Ivaldino Tasca.

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