sábado, 21 de abril de 2012

Vivendo e desaprendendo...

Quem nunca se deparou com o cheiro de novidade que emana do brilho dos olhos das crianças? A infinidade de porquês da qual elas bombardeiam e celebram a vida e a mudança. Sim, as crianças! O desconhecimento dos limites da realidade, unidos a um elevado grau de imaginação, fazem das crianças seres muito inovadores alinhavando novos prismas sobre a vida empírica. A imaginação que muitos adultos perderam devido à vida tecnocrática e a duvidosas convenções que hoje esses mesmos questionam. Esse repensar que as crianças nos ensinam quando remoldam e percebem a linguagem: “Um cheiro de pensamento velho” ou “Eu te gosto” tornam-se puras licenças poéticas dessa inocência renovadora. Um riso contagiante num playground que antecede o choro, joelhos lanhados e brincadeiras que não são “permitidas” para aos adultos, um descompromisso com o futuro que faz alguns adultos olharem para a infância com saudade e nostalgia. Desde cedo, empreendemos um patrimônio cultural que se baseia em servidão, individualismo e medo, e dificilmente em autonomia, respeito mútuo e liberdade. E hoje somos o resultado de uma caquética defasagem social e educacional. Ao longo da história, cientistas, religiosos, filósofos, poetas e artistas como um todo vislumbraram aperfeiçoar nossa sociedade, mas sempre acabaram com mais questionamentos e conclusões fragmentadas, como: O viver e a educação são criações divinas, ou acidentes astrofísicos e biológicos, ou materialismos dialéticos e céticos, ou metafísicas idealistas e impalpáveis. Mas as crianças nos ensinam que a vida não é só realidade, mas também o sonho; não é compenetração, mas também descontração; não é só cientifica, mas também espiritual; não é só egoísmo, mas também caridade; não é só ódio, mas também amor; não é só trabalho, mas também descanso. A vida não é: ela acontece. É a dualidade de destino e o acaso de mãos dadas. As definições são autônomas e não estão nesse escrito, mas dentro de cada um. Multiplique-as pelo infinito e quem sabe... Não será a hora de tentar algo novo? Quem sabe o significado da palavra vida não seja sinônimo “conto de fadas”, afinal? Essa curiosidade que perdemos e as crianças projetam com maestria em utensílios eletrônicos como computadores, celulares e videogames, deixando-nos estupefatos, não seria um sinal da evolução nas mãos das crianças? Pais, educadores e sociedade, como agentes do conhecimento e facilitadores, tem um papel fundamental na formação dos “pequenos”. Mas deixemos que nosso legado cultural seja reformulado nas mãos do nosso futuro, ou seja, as crianças. As crianças serão o futuro, mas se fizermos de nossos filhos nossas cópias, como poderão reinventar a sociedade, na medida em que o modelo atual baseado em recursos naturais é insustentável? Sejamos crianças no sentido de experimentar novos caminhos, para que amanhã todos compartilhem as conquistas de uma sociedade que nasceu novamente.




 Porf. Raul Henrique Amaro da Silveira Simões.

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