domingo, 19 de outubro de 2008

E-mail mundo afora...

Vivemos numa época em que muito se fala e pouco se entende; em que muito se escreve e pouco se comunica. É um tempo onde o excesso de informação satura os espíritos mais pacientes; uma época em que a dificuldade maior é separar o joio do trigo e aproveitar minimamente os gigabytes de dados que enchem nossas caixas postais e outras coisas mais que a boa educação não permite nomear.

"Quem não se comunica se trumbica", já dizia o Chacrinha. Em nossos dias ampliou-se de forma gigantesca os meios de comunicação. Proporcionalmente, aumentou a possibilidade de se trumbicar. Comunicar, nos ensina o Aurélio, tem origem no latim communicare, que significa, entre outros termos, fazer saber; tornar comum; participar; estabelecer relação. Ora, só posso tornar comum o que diz respeito ao outro e é legível e inteligível.

É interessante que comunicar também tenha o sentido de dar, conceder, doar. O ato comunicativo tanto pode ser impositivo quanto partilha. Compartilhar é usar em comum, é participar de, tomar parte em. Uma informação compartilhada é aquela que estabelece uma relação comum entre o transmissor e o receptor; significa que tem significado para ambos; é uma mensagem que acrescenta e tem um sentido positivo.

Boa parte do que recebemos via e-mail não é partilha, mas imposição. É simples: o remetente adota o pressuposto de que sua mensagem é de fundamental importância e não se pergunta se é do interesse do destinatário.

Há os que são militantes internautas profissionais cuja função é simplesmente nos encher de mensagens, congestionar o tráfego eletrônico. Como messiânicos e idealistas, imaginam transformar o mundo na proporção das mensagens enviadas.

Há os que se arrogam o direito de determinar que sejamos suas correias de transmissão. Crentes de que expressam a redenção humanidade, elegem-nos como potenciais divulgadores das suas mensagens. Esquecem de pedir "por favor"; parece-lhes que temos obrigação de passar adiante o que nos enviam. Não questiono a mensagem em si, mas o procedimento.

Há os que pecam por ingenuidade, por desconhecerem os mecanismos para o bom uso do correio eletrônico ou por simplesmente não pensarem sobre os próprios atos.

Para alguns casos não há solução possível senão o bom senso para evitar os excessos. Se você é uma pessoa que se identifica com ideais à esquerda, precisará de mais paciência e sensatez, pois não será tão fácil bloquear remetentes que são seus companheiros, ainda que você os conheça só por e-mail. Mas, cuidado: se você protesta contra o excesso de mensagens, de anexos etc., poderá ser ganhar algum rótulo nada agradável e até gerar inimizades virtuais.

Seja ainda mais paciente com o terceiro tipo: eles não sabem o que fazem! Mas, não saia por aí ensinando lições que não são solicitadas. Podem achar que você é muito pretensioso. Use simplesmente o bom e velho procedimento de deletar ou os filtros anti-spam.



Se você é íntimo do seu interlocutor e tem certeza de que ele não ficará magoado, faça algumas sugestões. Peça que controle a compulsão de usar o recurso forward (encaminhar). Explique que a possibilidade de outras pessoas terem a mesma idéia é muito grande. O circuito das pessoas com áreas de interesses comuns que se comunicam via internet é enorme e isto gera uma situação nada agradável: receber várias vezes a mesma mensagem e de endereços diferentes. E se ele insiste em usar o “encaminhar com cópia”, peça que envie “com cópia oculta” (CCO): é uma forma de dificultar o proteger os emails, além de evitar aquelas mensagens com listas imensas de nomes e e-mails. Em suma, precisamos aprender a utilizar melhor a tecnologia e evitar transtornos para todos.

Antônio Ozai da Silva - Cientista Social.

Nenhum comentário: