terça-feira, 28 de outubro de 2008

Falando de Amor



I


É impossível estar vivo e não ter deveres e responsabilidades. Com freqüência, isso acaba tornando-se um peso desagradável. Passamos, então, a ver a vida como um fardo cansativo e a nos queixar desses encargos. Isso é muito triste, pois a vida começa a ser vista com os óculos cinzentos do enfado.

Mas existe, ao nosso alcance, outra possibilidade: a de fazermos tudo por amor. Agir, por amor, por gosto, é a única maneira de tornarmos a vida vibrante, estimulante, encantadora. Agir por amor permite ficarmos um pouco mais impermeáveis às tintas poluidoras da banalidade e agressividade da vida cotidiana. Portanto, ame fazer tudo o que tem de fazer simplesmente pelo amor de fazê-lo.

É claro que isso não cai do céu de uma hora para outra, mas se ouvirmos a boa notícia de que, aceitando a idéia de ver o Amor como um tônico estimulante e que põe cores em tudo o que toca, passaremos a pôr um pouco de amor em tudo o que fazemos. E tudo aquilo que fizer parte da nossa vida e não puder, de fato, ser amado, acabará afastando-se de nós.

“O Amor é a chave mestra que abre as portas da felicidade”

Anônimo

II


As nossas angústias e inseguranças obrigam-nos a tentar controlar as pessoas de quem gostamos. Essas mesmas dificuldades fazem-nos correr atrás da aprovação dos outros e a fugir da desaprovação.

Mas podemos tentar fazer a seguinte experiência: colocar de lado, conscientemente, esse tipo de atitude durante um dia inteiro. Muitos já tentaram fazer isso e conseguiram, por que, então, não haveríamos de poder?

Se nos dispusermos a fazer a experiência, ficando um pouco mais livres de nossas angústias, descobriremos que existe em nós uma parte extremamente digna de ser amada e apreciada. Descobriremos, assim, que essa parte profunda do que somos atrai o amor.

“O amor é o mágico, o feiticeiro que transforma as coisas sem valor em alegria e que cria nobres reis a partir da argila comum”.







Ill


O ser humano não vive sem Amor. Infelizmente, porém, esse sopro imprescindível, vindo das estrelas, chega até aqui e se mistura com a poluição que cerca nossa vida, transformando-se em combustível para disputas, conflitos, ódios e até crimes.

Apesar disso, às vezes, encontramos ou testemunhamos a possibilidade de um Amor feito de doação de si, de esquecimento de si mesmo, repleto de compaixão e generosidade. Esse Amor, flor colorida que emerge no asfalto cinzento das mesquinharias, tem grandeza, é amplo e eleva tudo o que toca.

Saber de sua existência, ainda que rara, mantém nossa esperança de Amor.

“O Amor é uma borboleta que, quando perseguida, fica longe do seu alcance, mas, se você permanecer sentado calmamente, ela poderá pousar em você”.


IV


Quando o Amor é mais verdadeiro, quando ele é, de fato, mais Amor, pode fazer coisas extraordinárias. Há verdadeiros milagres que podem ser feitos por esse Amor: vidas são elevadas, destinos transformados para melhor, vocações estimuladas, talentos enriquecidos. Um verdadeiro rastro luminoso é desenhado por ele.

No entanto, é indispensável que seja um Amor livre de mesquinharias, isto é, o mais puro possível: desinteressado, exigindo pouco e oferecendo muito, generoso sem pedir quase nada.

“O Amor está sempre disposto a acreditar em milagres”.






• Quando somos tomados pelo espírito do Amor, nos tornamos mais criativos. Essa criatividade é capaz de produzir obras de grande beleza e sabedoria. O poder de inventividade é encantador e nos dá a impressão de criarmos coisas a partir do nada. É como se a partir do ar invisível elaborássemos produtos concretos. Essa possibilidade enriquece todos ao nosso redor, pois traz um pouco da beleza do Céu para a Terra.

• Não sabemos de onde vem o espírito do Amor. Por isso, se não atrapalharmos, isto é, se não permitirmos que a posse e a insegurança se apoderem dele, com certeza ele crescerá e perfumará todos os aspectos de nossa vida.

• A essência do Amor é a comunicação. Cada um de nós, então, deve se perguntar: “O que estou comunicando às pessoas queridas?” Se não estivermos comunicando Amor, é porque não estamos vivenciando Amor. Só comunicamos aquilo que experimentamos! Se o Amor é, para nós, apenas um meio egoístico de obtermos alguns prazeres de que necessitamos, então, o que acreditamos ser Amor é algo bem pequenininho. O Amor que se comunica é um grande médico! É ele que saneia problemas, que cura defeitos e alivia o sofrimento.

• O espírito do Amor quer nos fazer conhecer a beleza. E onde está a beleza da agressividade, do ciúme, do oportunismo interesseiro, da necessidade de controlar, de cercear? Como aquilo que é feio, horrível mesmo, pode ser considerado parte daquilo cuja vocação essencial é o belo, cada vez mais belo?

No Amor verdadeiro, queremos o bem da outra pessoa; no Amor romântico, queremos a outra pessoa.

Margareth Anderson




V


A fonte do amor, ou seja, o seu lugar de origem é um grande mistério. O Amor não tem origem na ilusão da paixão. Tampouco tem origem nos nossos hormônios. Na verdade, o Amor atravessa as mais diversas circunstâncias físicas e emocionais. Ele é como a luz que atravessa vidros de diferentes cores, mas a luz não tem origem nos vidros, e as cores que assume são apenas circunstanciais.

Por isso, toda vez que sentimos a presença do Amor em nós, podemos fazer uma pequena pausa e nos perguntarmos: De onde vem esse sentimento? E, então, iremos nos maravilhar com essa pergunta.

Vl


Tudo o que nos faz sentir certa resistência em relação à pessoa amada continuará incomodando-nos enquanto não decidirmos encarar a questão de frente, examinando-a com uma abertura inteligente e calorosa.

Quanto mais fugimos de um dado problema, mais nos enredamos nele. Quando decidimos aceitar o que nos incomoda, olhando o fato de frente, damos um passo decisivo para nos aproximarmos da pessoa querida.

Um amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e mesmo assim gosta de você.



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