Estou convencido que somente podemos realizar aquilo que somos capazes de imaginar. Imaginar é diferente de especular ou chutar. Quando imaginamos estamos colocando em campo as forças de nossa vontade criadora, quando colocamos a palavra mágica "se" em algo que estamos pensando, é o primeiro passo para que se crie uma coisa nova.
A nossa imaginação é o celeiro e a fábrica de tudo o que o ser humano produz e produzirá. Fico triste quando vejo que estão matando a imaginação de nossos jovens. Tudo chega pronto. Quando entro numa sala de aula e vejo a parafernália de equipamentos, ferramentas e recursos para que um professor possa ensinar aos seus alunos, parece maravilhoso. Depois vejo uma aula dada por um professor de primeira linha, eloquente, carismático, dominador de toda a tecnologia e que a usa dentro dos padrões de didática e pedagogia mais moderna, e que além de tudo é engraçado e domina a matéria. Acho tudo ótimo, penso para mim mesmo chegamos ao ideal da educação!
Então dou uma olhada nos alunos e os vejo quase todos distraídos, alguns dormindo, outros olhando para longe, em outro mundo. Poucos prestando atenção. Nesse momento percebo que o que eles estão sentindo é a falta de estímulos. O mundo atual está produzindo seres que não são capazes de ter estímulo próprio, esse estímulo que vem da capacidade de imaginar que podemos fazer algo, por mais impossível que nos pareça. Lembro ter imaginado ter tido aventuras nos quatro cantos do mundo. Através da imaginação combati os piratas na Malásia, viajei duas semanas em globo e 20.000 léguas a bordo do Nautilius.
Tudo me era possível na minha adolescência, podia ir a qualquer lugar do mundo para resolver um crime ou um mistério. Cada aula era uma aventura na qual alguém que sabia mais do que eu me mostraria uma parte do mundo do conhecimento ao qual poderia viajar.
Hoje, internet, twitter, celulares, televisão estão matando a imaginação de nossos jovens. São ferramentas fantásticas que poderiam aumentar nossa capacidade de imaginar, caso fossem bem usadas. Não sou contra aquilo que conquistamos graças a nossa imaginação, sou contra a que sejamos devorados pelo que conseguimos. Não devemos esquecer que as vezes o criador é devorado pela criatura criada.
Imagino uma escola que devolva a imaginação à nossas crianças. Uma escola que lhes ensine que os números estão na terra da matemática, que os moinhos de vento estão nos campos de Cervantes e que somente podemos chegar a eles pela nossa imaginação e não pela internet.
Boa reflexão.
Por: Ricardo Irigoyen.
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