terça-feira, 27 de janeiro de 2009


LIMITES E CRIANÇAS


Encontrei esse artigo e achei pertinente ao que experiencio na clínica, com crianças sem limites e pais a beira de um ataque de nervos, aí vão dicas preciosas.


Em meio a tantas mudanças e dificuldades, muitos pais ficam perdidos sem saber como educar seus filhos. Incertezas e uma certa dificuldade sobre como educar os filhos, sempre houve em qualquer época. Hoje em dia, entretanto, quando a criança está exposta a todo tipo de influência e onde os pais, em muitos casos, acabam tornando-se ausentes, pelas exigências do trabalho, as coisas têm se complicado.


Isso só aumenta as dúvidas e incertezas sobre como agir.Por terem passado por dificuldades ou errado muito na vida, muitos pais tentam poupar os filhos dos mesmos erros ou de dificuldades, sofrimentos e frustrações, superprotegendo- os e dando tudo que desejam, do bom e do melhor.
Esquecem-se que, se hoje são cidadãos corretos e íntegros e possuem espírito de luta e perseverança, é porque tiveram que enfrentar os reveses da vida. Não percebem que ao agirem desse modo, estão educando os filhos para a insensibilidade e a irresponsabilidade social, além de, em muitos casos, torná-los incapazes de lutar pelo que desejam, especialmente se houver dificuldades a serem enfrentadas, conforme coloca o psicólogo e professor da Universidade Estadual de Marília, Raymundo de Lima.AUTORIDADE


Por outro lado, dentro de uma visão moderna e equivocada de educação, e tentando não repetir o modelo extremamente rígido que receberam dos pais, muitos evitam uma intervenção autoritária na vida dos filhos, abrindo mão de toda autoridade que têm, o que para a psicóloga Cleuza Gomes dos Anjos, nada mais é do que uma fuga das responsabilidades educacionais.


A falta de firmeza dos pais leva as crianças a imporem suas vontades. Acostumados, desde cedo, a ver todos seus desejos atendidos, a criança e o adolescente não aceitam ser contrariados. "É fundamental que os pais sejam referências e estabeleçam regras, limites e parâmetros de comportamento, para que a criança se sinta segura e protegida e se torne também uma pessoa segura, não adotando para si valores questionáveis ou perdendo o sentido de valor da vida", coloca.


Ela explica que a criança é gerida por impulsos e sua vontade é promover o seu bem estar, satisfazendo desejos e curiosidades. Se os pais não impõem limites ou simplesmente apenas dizem "não faça isso", não tomando nenhuma atitude para impedir a criança de fazer o que quer, não estabelecendo limites concretos, ela fatalmente fará somente o que deseja. "Não é agir de forma autoritária, nem complacente. É estabelecer limites concretos, com firmeza, e mostrar para a criança o por quê da proibição", diz.Segundo Cleuza, a personalidade da criança é construída com base no seu temperamento, que nasce com ela e determina a forma como vai reagir aos estímulos do meio; e o seu caráter, que é aprendido e moldado pelas experiências vividas, principalmente nos primeiros anos.


Daí a importância do papel dos pais na vida delas. "Esta é uma responsabilidade dos pais e não da escola. Mas o que se vê hoje são crianças que vivem com as empregadas e pais que delegam à escola a responsabilidade de educar", lamenta Cleuza.


EQUILÍBRIO
Para ela, o correto não é reprimir nem humilhar, e muito menos ser permissivo, mas manter o equilíbrio, buscando atender às necessidades da criança, para que se desenvolva de forma emocionalmente sadia. Cleuza coloca como necessidades básicas, além do alimento, do sono e do bem estar físico, o afeto positivo, a aceitação e valorização da criança e o estabelecimento de limites. Ela diz que a criança necessita ser tocada, se sentir amada, valorizada e aceita como ela é, para internalizar esses sentimentos. "Ela age como se fosse um gravador, adquirindo para si, como parte de seu caráter, tudo o que ocorre ao seu redor", afirma a psicóloga.Se a criança faz algo errado e é tratada de forma hostil pelos pais, em vez de serem corrigidas e orientadas de forma correta, aprendem a agir de forma negativa para receber esse tratamento hostil, desenvolvendo relacionamentos doentis com as pessoas.Da mesma forma, diz Cleuza, quando a valorização pessoal da criança não é bem trabalhada e desenvolvida, serão adultos inseguros, que exigem demais de si mesmos e que não valorizam o que fazem, achando que nada está bom o suficiente. "Volto a ressaltar a necessidade de haver equilíbrio.


Não é elogiar tudo o que a criança faz, mesmo que seja uma tarefa de casa mal feita, nem também exigir da criança algo que está além do limite de sua idade. Estas devem ser elogiadas quando fazem as coisas bem feitas ou se esforçam para isso, mas muitos pais só se dirigem aos filhos para criticá-los. Por outro lado, há aqueles que ao elogiarem todas as atitudes dos filhos reforçam condutas erradas, como certas. Tem que se buscar um equilíbrio", reforça Cleuza.


PRINCIPAIS ERROS


O psicólogo e professor da UEM, Raymundo de Lima, aponta os principais erros cometidos pelos pais:
• Excesso de conforto material, cuidados e mimos que resultam em uma fraqueza de caráter.

• Superproteção que torna os filhos indefesos, dependentes e medrosos diante das pessoas, das situações do dia a dia e da vida. Para crescer de forma sadia, a criança precisa experimentar um pouco mais das frustrações e limites próprios da realidade.

• Pais ausentes física ou emocionalmente desenvolvem nos filhos sentimentos de abandono, de indiferença e personalidade fria de sentimentos.

• Filhos acostumados a submeterem seus pais a suas vontades, podem se transformar em pessoas egoístas, sem senso de limites às regras da civilidade, ao respeito às autoridades ou aos mais velhos.

• Ausência de conversas sobre assuntos de família, política, religião e falta de diálogo sobre os problemas da criança, desenvolvem seres analfabetos quanto a temas de sobrevivência atual.

• A preocupação de alguns pais em somente ter, em detrimento do ser, leva os filhos a desenvolverem o mesmo problema. Acabam se transformando em pessoas cegas para os verdadeiros valores da vida.

• Da mesma forma, pais viciados em drogas, cigarro ou álcool, por mais que digam ser isso errado, com suas atitudes autorizam que seus filhos desenvolvam os mesmos vícios.
BABÁS ELETRÔNICAS - Os riscos da "educação moderna".Sobrecarregar os filhos de atividades, supri-los de presentes ou deixá-los entregues às babás eletrônicas não são as melhores opções.A forma de educar os filhos sofreu uma grande mudança a partir da Segunda Guerra Mundial, quando a mulher, com o marido longe de casa, teve que assumir também o papel do homem como provedora da família.


A conseqüência dessa situação pôde ser sentida com os jovens dos anos 60, segundo a psicóloga Cleuza Gomes dos Anjos. Hoje, trabalhar fora é uma opção para muitas mulheres e uma necessidade para outras."É claro que a solução não é a mulher voltar a cuidar só do lar. As circunstâncias hoje são bem diferentes de antigamente.


Mas é preciso melhorar a qualidade do tempo que os pais passam com os filhos". afirma Cleuza. Para ela, é fundamental que os pais reservem um tempo para brincar, estudar e conversar com os filhos, orientando-os, estabelecendo um relacionamento afetivo que sirva de modelo para a criança.


O grande problema, segundo ela, é que muitos pais, por se tornarem ausentes, com momentos familiares praticamente nulos, tentam compensar a sua falta com presentes. "Eles pecam duplamente. Ao não atender às necessidades afetivas do filho, este tende a se tornar uma criança problema. Sentindo-se culpados, os pais tentam suprir a criança com presentes, mas ao fazerem isso, reforçam o comportamento errado", diz.Outro erro apontado por Cleuza é preencher a agenda das crianças com inúmeros compromissos. "Isso pode trazer seqüelas profundas.


A criança pode tornar-se uma pessoa compulsiva, que não para um minuto, ou negligente, que foge das responsabilidades, por não saber lidar com a ansiedade, nunca terminando nada que começa", afirma.


INFLUÊNCIAS
Ela alerta também para os riscos de deixar a criança exposta, de forma excessiva, às influências da televisão, do videogame. "Além de dar as coisas prontas e não deixar que a criança pense e dê margem a sua criatividade, a televisão ao prender a atenção desta, não deixa também tempo para que ela se movimente, impedindo o total desenvolvimento de sua coordenação motora", coloca Cleuza.Outro ponto ressaltado são os relacionamentos idealizados ou irreais que a criança estabelece, por não ter modelos reais. "Daí, o que ela vê na televisão passa a ser real e normal, o que é muito perigoso tendo em vista a violência contida mesmo nos desenhos animados.


A criança vê o personagem como sendo concreto e transfere o que aprende para o relacionamento familiar e com os amigos". Já no caso do videogame, além do estímulo à violência e ao uso de estratégias escusas para vencer, Cleuza diz que os jogos podem gerar uma atitude compulsiva e obsessiva. "Aquilo, para a criança, é um desafio, ela quer vencer, superar a máquina, e neste processo, vai se repetindo mecanicamente, sem um limite", complementa.


ESTRATÉGIAS DE MUDANÇA
• Buscar ser um pai/mãe mais afetivo e presente.

• Reforçar atitudes positivas, logo após o comportamento desejado, com presentes ou palavras.

• Valorização da criança como ela é, dentro de seus limites e não como os pais desejam que seja.

• Não esperar da criança atitudes de um adulto, mas buscar colocar-se na situação desta. Os pais devem caminhar junto com seus filhos e não arrastá-los, direcionando- os com base em suas experiências.

• É preciso ter paciência e ir mudando as atitudes negativas por partes.


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